Bem, ainda não é. Mas será. Os ouvidos oficiais podem ser
moucos por algum tempo, mas não para sempre.
Faz um mês que o Brasil está em ebulição a pedir o que lhe é
devido. Nos primeiros dias pensei que o susto dado em Brasília e seus satélites
levaria – chegaram todos a ficar com o semblante desfeito – ao início das
soluções de nossos problemas. Mas qual...
Das ruas não se ouviu pedidos por constituintes, plebiscitos ou
similares. O que vemos nos mais variados cartazes são pedidos por uma vida
melhor e utilização honrada dos impostos pagos. Como um brado resumido neste
cartaz:
Ilustração: Leo Silva
Reuniões houve. Latinório também. Mas tente fazer um resumo do
que leu ou ouviu dito por nossas autoridades e veja no que deu: em nada.
Provas? O táxi-aéreo da FAB. A FAB do Senta a Pua! agora leva
namorados e famílias de Natal ao Rio; ou convidados de Brasília a um casamento
em Trancoso.
Sem querer, descobrimos que nem só os ex-desvalidos recebem um
Bolsa-XXXX. Os poderosos têm o Bolsa-FAB. E talvez outras bolsas pois não nos
foi explicado, nem a Imprensa perguntou, onde foi que as sete criaturas de Natal
se hospedaram, onde almoçaram e jantaram, que tipo de ingresso tinham para o
jogo, como chegaram e saíram do Maracanã, quem os buscou e levou ao Galeão.
O ensaio de explicação dado pelo Alves da Câmara– almoço com o
prefeito do Rio justo na véspera do jogo Brasil x Espanha! – é um tapa em nossa
cara. Aliás, isso merece outro cartaz: chega de reuniões e palestras com tudo pago justo nas sextas ou quintas na cidade que interessa ao
parlamentar ou ao palestrante passar o fim de semana.
Devo fazer a justiça de dizer que o Alves da Câmara fez uma
conta de chegar e diz que vai pagar... as passagens!
Já o Calheiros do Senado foi a um casamento na Bahia, não
sabemos de quem. E lá nos interessa saber de quem? Claro que sim. Se pago o
transporte e nem ao menos como um bolinho de queijo, tenho o direito de saber
quem se casou e mereceu a presença dessa figura.
Que já disse que não paga. É usuário do Bolsa-FAB e pronto.
Enquanto isso, Lula, o Arredio, desaparece. Sempre soubemos que
ele não é um bom amigo. Largou Dirceu no pântano e sem Dirceu ele não seria
presidente nem do Corinthians. Agora, largou dona Dilma na boca do vulcão.
Dela não falo. Penso que não compreendeu nada. Desconfio que se
surpreendeu com o amigo da palavra fácil e coração de pedra. E isso dói.
Resta desejar força à meninada. E que não esqueçam os dois
defeitos abomináveis do Lula: é ingrato e é pusilânime.
São meus votos.
Maria Helena Rubinato Rodrigues de
Sousa escreve semanalmente para o Blog do Noblat
desde agosto de 2005. Ela também tem uma fanpage e um blog – Maria Helena RR de Sousa.
Disponível no Blog do Ricardo Noblat